
- Não, você não imagina, ele veio mostrar o contrato de novo e a mesma coisa repetida mais 3 vezes. Não, mais 4 vezes, a mesma porra de cláusula, mudando assim, uma palavra. Aí eu já pensei que puta que pariu, vou pegar as pizzas frias com esse estagiário escrevendo gago e na dependência que eu revise.
- Você ta deslumbrante de absurda sabia? de gostosa, acho que a espuma com o baseado e o vinho, e as velas, fica o chame do inferno.
- É o veneno dos sais de banho.
- Tem uma galera que cheira essa porra, sabia? Aí sai pela rua comendo as pessoas.
- Tipo taradão?
- Tipo canibal mesmo.
- Eita que horror! Passa o isqueiro que apagou, to com a mão molhada.
- É sério você tá muito tesão, eu fico esperando seus peitos aparecerem, é sexy tipo à moda antiga, sabe? Aquela expectativa eterna, porra to de pau duro, nem com pornô eu tava conseguindo mais, assistindo ebony e uns bondage pesadão pra tirar meu pau da mesmisse.
- Ebony?
Ela estica os pés por baixo da superfície de espuma, tateia até encontrar meu pau. Avisei que estava duro.
- É o primeiro banho de banheira que eu tomo na vida, sabia?
- Nossa, você já é burro velho. Eu tomo sempre. Seu pau tá duro.
Eu avisei.
- Eu sei po, você é a rainha das auto indulgências.
- O que é indulgência mesmo?
- Eu gosto, deixa a sua pele macia.
- Sou maciez purinha. Tá entrando um ventinho meio frio né. Acho que dá pra fechar a janela agora não dá? Já acabou o baseado?
Dou o último tapa na ponta toda molhada e levanto para fechar o basculante.
- Acabou. Esse friozinho eu fico imaginando o clima hostil lá fora e a gente aqui no paraíso quentinho.
- Seu pau tá adormecendo aí do lado de fora.
Ela o pega nas mãos e carinho.
- Vem olhar lá fora amor, a chuva cantando brabo. Tipo estar na putaria numa limosine e botar a cabeça pra fora do teto solar e todo mundo lá fora vestido caretão.
- Deixa o inverno lá fora gatinho, fecha isso e volta aqui pra limosine, que eu vou ligar a água quente pra dar uma enchida.
- Vacilo, logo agora que seus peitos tavam desafogando?
- Anda mongol, senta aqui desse lado.
- Entre as suas pernas? Não vai prestar.
Não vai prestar nem um pouco.
- É a ideia. O seu primeiro banho de banheira da vida e o nosso primeiro banho de banheira junto.
Sento no meio da banheira, ela liga a água quente e suas pernas em volta de mim, levitando sem peso sob a espuma.
- Vamos acabar com esse vinho primeiro. Pecado desperdiçar vinho.
- Pode ficar com a minha taça, eu to com outro pecado na cabeça.
Ela derrama sua taça na minha. A prioridade dela suas mãos de volta ao meu pau.
- Ele ta acordando de novo.
- Tava só tomando um fôlego. Amor olha, não parece uma borboleta laranja gigante na parede?
A sombra projetada das velas.
Ela desliga a água quente.
- O vinho também fica bonito. Quer que eu pare?
A sombra do vinho na borda da banheira.
- Ia falar do vinho agora, mas achei que a borboleta gigante merecia o 1o comentário. Não para, continua por favor.
- To vendo, tipo ali batendo asas.
- Ali as asas maiores e ali as...
Começo a delinear a sombra com o dedo, mas já não estou prestando. Puxo ela pela cintura para cima de mim. Para o contato.
- Eu to vendo. Ai amor eu ganhei um imã de borboleta muito lindo. De pedrinhas.
Ela começa a rebolar no compasso sutil da água ainda em movimento.
- De geladeira você tá falando?
- É, da Fabi, ela trouxe de viagem. Disse que em Paris tava um frio ridículo, ela tava no quarto de hotel se sentindo meio derrotada aí resolveu encarar o frio e voltou 15 minutos depois, congelando e mais derrotada ainda.
- E saiu só para comprar o imã?
- Que imã?
As linhas de pensamento degenerando no diálogo de pele.
- Amor nós temos um problema.
- Os problemas chovendo lá fora. Você fechou a janela antes deles entrarem.
- Eu nunca tomei banho de banheira, não sei me mover direito dentro de uma.
- Continua parado então, que de banheira eu entendo.
Paradinho.
- Quando tivermos nossa casa a banheira vai ser redonda e enorme.
- Tipo do Scarface.
- Exatamente, dourada e bem cafona, amo muito você, sabia?
Ela sabe.
- Dourada não. E sem televisão. Agora vem.
- Vem o que?
Indo.
- Isso.
Ela me coloca dentro dela.
O mundo desaparece. Só existe sensação.
Eu achava que espuma. Quando vi, espalhando nuvens pelo chão do banheiro.
H.I.